O Ceará é o 9º estado de todo o Brasil com maior proporção de concludentes do Ensino Médio pretos, pardos e indígenas. Em 2023, esses estudantes representavam 80% de todos os que finalizaram os estudos nesse nível de ensino. Essa informação foi apresentada durante a divulgação dos resultados do Censo do Ensino Superior 2023, neste mês (3).
Ao contextualizar o cenário do ensino médio, o diretor de estatísticas educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Carlos Moreno, mostrou alguns detalhes sobre o ingresso dos estudantes no ensino superior no ano seguinte à conclusão do Ensino Médio.
Em todo o País, 20% dos estudantes pardos que concluíram o ensino médio em 2022 começaram a cursar o Ensino Superior no ano seguinte. Entre pretos e indígenas, essa proporção foram de 17% e 12%, respectivamente. Ao se observar os alunos brancos e amarelos, por sua vez, essas proporções foram de 37% e 33%.
Sancionada em 2012, a Lei de Cotas (Lei nº 12.711) reserva pelo menos 50% das vagas em instituições federais de educação superior para estudantes que cursaram integralmente o ensino médio na rede pública. O programa também contempla estudantes pretos, pardos, indígenas, quilombolas e com deficiência em uma espécie de “subcota”.
Para Adriana Eufrásio Braga, professora do Departamento de Fundamentos da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), a Lei de Cotas está em processo de cumprimento do objetivo de democratizar o acesso ao ensino no Estado. Mas para melhorá-la o texto e os resultados, ela afirma que “é preciso ampliar a rede apoio envolvendo mais fortemente as esferas estaduais e municipais com plena participação das comunidades interessadas”.
Além do recorte por cor/raça, o diretor de estatísticas educacionais do Inep apresentou outras informações sobre o contexto desses estudantes que saem da escola. De 2013 até 2023, em média, 2,2 milhões de alunos concluíram o Ensino Médio em todo o País a cada ano, incluindo o ensino regular e a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Desse total, em 2022, apenas 27% ingressaram no Ensino Superior no ano seguinte.
Essa proporção não foi a mesma considerando as redes em que esses estudantes concluíram os estudos. A rede estadual — “a grande rede pública de ensino médio”, conforme destacado por Moreno — teve o menor indicador.
Rede privada: 59%
Rede federal: 58%
Rede estadual: 21%
Ao observar o ensino regular e a EJA, também percebe-se uma diferença entre as taxas de ingresso no Ensino Superior.
Ensino regular: 30%
Educação de Jovens e Adulto: 9%
Alunos egressos do ensino médio articulado com educação profissional também tiveram mais êxito. Entre eles, 44% dos concludentes de 2022 ingressaram no Ensino Superior em 2023, enquanto entre os demais estudantes a taxa foi de 26%.
As informações são do Diário do Nordeste