A sequência de convenções municipais no Crato e em Juazeiro do Norte, no último sábado (20), consolidou uma aproximação que há muito já se desenhava entre o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), adversários históricos e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Ceará. Nas duas cidades, o pedetista estava ao lado do deputado estadual e presidente do PL Ceará, Carmelo Neto, um dos mais fiéis ao bolsonarismo no Estado. Ciro também dividiu o palco com um adversário histórico: o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União).
Ainda no Cariri, o trio tem outro aliado em comum, o pré-candidato Antônio Neto (PSDB), que ainda irá oficializar sua candidatura a prefeito de de Barbalha. Seja no “Crajubar”, seja em todo o Ceará, esta será a primeira eleição municipal em que ciristas e bolsonaristas terão como adversário em comum o grupo político liderado pelo ministro da Educação Camilo Santana (PT).
O discurso que deve dar o tom da campanha ficou explícito neste fim de semana, quando Ciro disse que irá — junto com pedetistas e bolsonaristas — enfrentar uma “ditadura” no Ceará. O tom tem sido adotado de forma recorrente pelo ex-ministro para se referir aos petistas no Estado.
Seguindo em seu discurso, Ciro fez questão de destacar que o palanque que une em Crato e Juazeiro do Norte nomes de siglas adversárias representa um marco “histórico” da luta contra a “incompetência”, “corrupção” e “mandonismo”.
JUAZEIRO DO NORTE
Em Juazeiro do Norte, a aliança se deu em torno da candidatura de Glêdson Bezerra (Podemos). Eleito em 2020 como nome da oposição ao grupo que inclusive Ciro fazia parte, o político agora recebe apoio do pedetista.
A chapa liderada por Glêdson terá como candidato a vice-prefeito Tarso Magno, do Progressistas (PP). O grupo tem apoio dos partidos Novo, Cidadania, União Brasil, Progressistas e Democracia Cristã, além de PDT, PSDB e PL.
A composição defende a reeleição de Glêdson fazendo frente à ofensiva liderada pelo petista Fernando Santana (PT). O petista tem apoio do ministro Camilo Santana e de um amplo arco de aliança que une nomes que também já estiveram em lados opostos, como Arnon Bezerra, Nelinho Freitas (MDB), Davi de Raimundão (MDB), além do atual vice-prefeito, Giovanni Sampaio (PSB).
CRATO
No Crato, o próprio PDT tem uma divisão. A sigla anunciou apoio ao pré-candidato André Barreto (PT) e pleiteia uma vaga de vice na chapa liderada pelo petista. Contudo, Ciro Gomes subiu ao palanque de Dr. Aloísio (União), no último sábado, durante a convenção que oficializou o nome do oposicionista como candidato. Ele terá como vice o ex-prefeito Zé Adega (PL).
O evento também colocou lado a lado lideranças do PDT, União Brasil e PL, entre eles Ciro Gomes, Roberto Cláudio, Carmelo Neto e Roberto Pessoa, prefeito de Maracanaú. Dentro do PDT, o apoio à candidatura de Barreto segue mantido, apesar da presença dos pedetistas no evento do União Brasil.
Já a candidatura do PT, que tenta manter a gestão da cidade, ainda está na fase de negociação. O nome de André Barreto (PT) deve ser oficializado, mas o espaço de vice segue em disputa. Alguns integrantes do PT do Crato defendem que seja lançada uma chapa pura. Contudo, o PSB e o próprio PDT têm demonstrado interesse no espaço.
BARBALHA
Em Barbalha, o nome que une pedetistas e bolsonaristas é o do pré-candidato tucano Antônio Neto (PSDB). No último fim de semana, o político conversou e posou para fotos tanto com Ciro e Roberto Cláudio quanto com o deputado Carmelo Neto.
O tucano também é apoiado por nomes como Glêdson Bezerra, Capitão Wagner e Roberto Pessoa. O União Brasil, inclusive, deve indicar o candidato a vice-prefeito na composição com o PSDB.
As informações são do Diário do Nordeste