A estátua da beata Menina Benigna, de 26 metros de altura, foi finalizada em Santana do Cariri, no Ceará. A informação foi compartilhada pelo governador do estado, Elmano de Freitas, nesta segunda-feira (8). Benigna Cardoso da Silva, 13 anos, se tornou símbolo de católicos cearenses após ser assassinada ao recusar ter relações sexuais com outro jovem há mais de 80 anos.
“A estrutura do santuário e a urbanização do entorno já foram concluídas. Com investimento de R$ 15 milhões, o espaço conta com capela, memorial sobre a beata, templo para missas campais, trilha pavimentada de cerca de 600 metros conhecida como Caminhos do Martírio, além de ampla área de estacionamento, vias laterais e jardins arborizados”, comentou Elmano.
Benigna foi morta brutalmente com golpes de facão em outubro 1941. A história dela se popularizou, e a adolescente conquistou devotos por todo o estado como uma mártir. “Agora [a estátua] está recebendo apenas acabamentos finais, como retoques no fibramento das peças e na pintura do monumento”, disse o governador.
“Esse equipamento é resultado de uma série de investimentos para ampliar e qualificar o turismo religioso em todo o estado. O complexo em Santana do Cariri representa importante avanço no turismo, na economia local, além de proporcionar aos cearenses e pessoas de outras partes do Brasil um espaço para professarem sua fé”, complementou Elmano.
Primeira beata do Ceará
Após a morte, a menina passou a ser venerada na região do Cariri como símbolo da resistência contra feminicídio e violência sexual contra crianças e adolescentes. Com isso, o Vaticano oficializou a Menina Benigna como primeira beata do Ceará e quarta mártir do Brasil. A autorização foi dada pelo Papa Francisco em 2019.
Segundo o relato de pessoas que conviveram com Benigna, ela era uma menina simples, sem vaidades, muito estudiosa e com muita fé em Deus.
“Ela se relacionava bem com todos, era gentil, muito educada, não usava de palavrões e se ocupava responsavelmente com os estudos. Nela, se destacava a simplicidade e a prudência. Sua fama de santidade e martírio é justa”, conta Raimundo Alves Feitosa, de 98 anos, que conviveu com a mártir. Ele foi uma das testemunhas que deram depoimento ao Vaticano no processo de beatificação.
Benigna nasceu em 15 de outubro de 1928 no Sítio Oiti, em Santana do Cariri. O processo de beatificação de Benigna começou em 2013, quando a Diocese do Crato recebeu do Vaticano o “Nihil Obstat”, ou seja, o “Nada Impede” para que se pudesse dar início à busca pelo título de beata.
A cerimônia estava originalmente prevista para 2020, mas foi adiada por causa da pandemia de Covid-19.
Mais de 80 anos depois, o martírio de Benigna ainda movimenta intensamente os católicos na região do Cariri. O município de Santana do Cariri, onde ela nasceu e morreu, espera uma quantidade de visitantes cinco vezes maior que o tamanho da população local a cada outubro, quando são realizadas as romarias em homenagem à menina.
Os eventos, inclusive, reúnem dezenas de meninas e meninos vestidos com o típico traje vermelho com bolas brancas, roupa característica da Menina Benigna.
As informações são do portal G1-CE