No próximo dia 7 de dezembro, a cidade de Milagres será palco de uma programação especial que relembra os 81 anos da trágica morte de Francisca Maria do Socorro, vítima de um dos crimes mais brutais da história local. A memória da jovem, assassinada aos 13 anos, transformou-se em um símbolo de resistência e luta contra a violência de gênero.
Uma programação marcada pela fé e pela reflexão
As atividades começam às 5h com a alvorada, recitação do terço e queima de fogos, acompanhadas pelo Grupo de Pífanos Francisca do Socorro, no monumento erguido em homenagem à menina. Às 7h, moradores e visitantes poderão participar de uma caminhada pelas ruas onde Francisca viveu e encontrou seu destino trágico.
Após a caminhada, será oferecido um café comunitário, seguido pela visita ao Memorial da Menina Francisca do Socorro.
À tarde, o terço será novamente recitado às 15h, marcando o momento de oração e contemplação coletiva. Já às 18h, será realizada uma roda de conversa sobre feminicídio, tema que atravessa o legado da história de Francisca, com a exibição de um filme sobre sua vida e morte. Para encerrar, haverá a distribuição de um sopão comunitário, reforçando o espírito de solidariedade que marca o evento.
Uma história que ainda clama por justiça
Francisca Maria do Socorro tinha apenas 13 anos quando foi brutalmente assassinada em 7 de dezembro de 1943. Na manhã daquele dia, ela saiu em busca de água para a mãe, mas nunca voltou. Horas depois, familiares encontraram seu corpo em um matagal próximo ao local conhecido como “bebedouro”. A jovem foi vítima de violência sexual e assassinada com um golpe profundo no pescoço.
O crime abalou profundamente a pequena cidade de Milagres. As investigações apontaram um suspeito, Elísio Pereira Maia, mas a falta de provas concretas resultou em sua absolvição. A impunidade trouxe indignação e dor à comunidade, que viu na morte de Francisca um chamado à luta contra a violência e a desigualdade.
Um legado de luta e resistência
Hoje, a memória de Francisca do Socorro é mais que uma lembrança: é um grito por justiça e pelo fim da violência de gênero. O evento, promovido pelo Instituto Cultural Santa Rita de Cássia e pelo Grupo de Mulheres Líderes do Bairro Francisca do Socorro, pretende reforçar essa luta.
Para os organizadores, a data é uma oportunidade de unir a comunidade em torno de valores como solidariedade, memória e reflexão. “Francisca é um símbolo da resistência contra a barbárie. Sua história nos lembra que não podemos silenciar diante da violência”, destaca Rita de Cássia, uma das representantes do grupo organizador.
Com programação que combina fé, cultura e conscientização, Milagres transforma dor em força e mantém viva a memória de Francisca do Socorro, agora um ícone de luta e resistência.
As informações são da Folha de Milagres